quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Sétimo Capítulo

A inocência de uma criança deve ser respeitada e preservada. E porquê tamanha afirmação profunda?Quando era criança lembro-me de ver filmes e ler livros tranquilamente na expectativa do que vinha a seguir mas sempre com a leveza do pensamento e raciocínio inocente. Agora sinto falta disso. Dou por mim ansiosa nos momentos de maior felicidade, principalmente em filmes, no êxtase de um amor confessado ou de uma amizade reforçada, à espera de uma tragédia que se siga e principalmente da morte dos protagonistas do enlace.

Isto deve dar e tem com certeza um fundamento psicológico. Eu vejo-o como o corromper das vivencias, o negativismo e os desapontamentos que nos rodeiam. Enquanto crianças esperamos o melhor da vida, as perspectivas são optimistas, o amor eterno e a morte longínqua. Á medida que os anos avançam a vida trata de nos dar uma lição, ensina-nos que o amor é muitas vezes, demasiadas vezes, quebrado e a morte muito menos improvável e menos desconhecida.
Não me considero uma pessoa pessimista, aliás sou bastante sonhadora, sou daquelas que sonha com os destinos das imagens e textos de revistas de viagens, daquelas que chora nos filmes com tudo o que é emocionante a às vezes até com o que não é (segundo o João), que adora perder-se nos cheiros da cozinha e muitas vezes prepara pratos com calma e com todos os movimentos controlados para que cada um seja sentido e tenha significado, daquelas que quando caminha respira com prazer o ar fresco e pensa “como eu gosto de estar viva!”.
Mas o que é certo é que às vezes, o inconsciente prega-me partidas.



PS: Uma das coisas boas da vida, encontrei um quiosque / banca nos Armazéns do Chiado que vende destes bolinhos, hoje não tinha dinheiro, gastei-o num belo gelado da “Santinis”, mas assim que receber lá vou eu com a menina Isabel comer os maravilhosos bolinhos Parisienses e “Blairenses” :P

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Sexto Capítulo


Passo a porta. Sinto o ar fresco...gelado. A respiração torna-se vaporosa, turva. Aconchego-me dentro do casaco. Levo um livro na mão, a máquina ao pescoço. Mais nada. É tudo o que preciso. Começo a andar. Primeiro o chão é duro e frio, para se tornar pedregoso e finalmente sinto a terra quente e arenosa. Não está molhada mas húmida, o meu andar não é silencioso. Passo o rafeiro e numa curva encontro uma bicicleta enferrujada. Os pinheiros são pequenos neste lado da estrada. Finalmente chego à entrada do meu destino. É aqui que tudo começa. Deixo para trás o asfalto, as pessoas, os carros. Já não sinto o vento tão intenso e o frio dá lugar a um cheiro reconfortante de pinheiro. Continuo a andar. De vez em quando paro para observar uma pedra ou uma planta que se destaca. Vou capturando esses momentos de curiosidade e harmonia através da minha companheira. Oiço cães, o tilintar de ovelhas. Chego à pedra. Vou até a beira onde posso ver melhor a paisagem. Sento-me. Deito-me. Está quente. Sinto o sol na minha cara, ainda que fraco, reconforta. Sinto o musgo na minha mão. Sinto a pedra áspera na outra. Sento-me. Pego no caderno, no lápis que pus no bolso e desenho uns rabiscos. Escrevo também o que estou a sentir. A letra fica estranha, o lápis precisa de ser afiado. Pego numa folha seca, coloco-a dentro do caderno. Fecho-o. Respiro fundo e olho em volta. A paisagem vai mudando ao longo do tempo. A natureza é tão mutável. Os fogos devastam algumas zonas, que ficam negras durante o verão. Mas ela restitui-se. Mas não da mesma forma. Levanto-me. Agora vou por um caminho diferente. As pedras são diferentes. As folhas também. Pego numa folha de pinheiro e cheiro. Lembro-me da minha avó, da minha infância. Só gosto do cheiro quando estou aqui. Não gosto quando vem num pãozinho ou num bocado de cartão. A barriga começa a dar horas. Aqui tem se sempre fome. Entro em casa. Vou para a lareira. Aqueço as mãos. Descalço-me. Aqueço os pés. Sinto o calor na cara. Ainda sinto o cheiro a pinheiro.

domingo, 14 de novembro de 2010

Quinto Capítulo



Quero fazer backpacking. Viajar pela Europa de comboio. Quero pisar um vulcão. A muralha da china. A floresta da Amazónia. Quero ver todos os quadros do Louvre. Quero conhecer um alemão, um chinês, um japonês, um italiano, um francês. Quero tocar no muro de Berlim. Nas pirâmides de Gizé. Quero pisar o gelo do Alasca e deitar-me nas suas florestas. Quero correr pelos campos Irlandeses. Passear pela cidade de Nova Iorque com um café na mão. Por Paris com uma baguete. Quero sentar-me na relva do Hyde Park e ler um livro numa tarde. Comer gelados junto à Fontana di Trevi. Andar de bicicleta por Amesterdão. Viajar pela Route 66. Quero fotografar paisagens, pessoas, pormenores. Quero acordar uma ilha, tomar banho no mar e comer fruta. Quero saltar de um avião. Fazer vinho. Aprender um prato típico de cada país. Quero acampar junto a um rio. Quero escalar uma montanha…

Quero mudar esta lista para “Eu já…”

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Quarto Capítulo

Depois de ter estado a ver umas revistas antigas, que tinha espalhadas pela casa, para poderem ser arrumadas no seu devido lugar, encontrei uns artigos interessantes com ideias de sítios a visitar, e não podiam vir em melhor altura:

- Para combater o frio não há nada como um chocolate quente, aquece o corpo e a alma (e que alma gulosa tenho eu!):
http://www.cacaosampaka.com/ (Lisboa, no Centro Comercial Amoreiras)
http://mercadochocolate.weebly.com/ (Lisboa, Mercado de Campo de Ourique. Onde há possibilidade de participar em workshops para aprender a confeccionar chocolate artesanal português) 
http://www.xocoa.es/ (Lisbao, Rua do Crucifixo)
http://www.claudiocorallo.com/ (Lisboa, Rua Cecilio Sousa)

- A Mercearia da Ataia, uma loja no Bairro Alto, na Rua da Atalia, com produtos tradicionais, que vão desde sabonetes a vinhos e azeites. 


- A loja "A Vida Portuguesa", que aposta em produtos de antigamente, com um design que nos remete a épocas passadas. Com dois pontos de venda, no Porto e em Lisboa, sendo no ultimo caso situada na Rua Anchieta no Chiado. 




Devem ser bons locais onde comprar prendas para a época festiva que se avizinha, prendas que não só serão uma referência para alguns mas também uma recordação.

PS: as fotografias foram retiradas dos respectivos sites.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Terceiro Capítulo

Resolvi colocar aqui uma composição que fiz no curso de espanhol. A história é verídica, contada pela minha avó, pode não estar totalmente fiel às suas palavras, mas toda a magia, mistério e arrebatamento estão lá.
Inspirei-me um pouco na escrita de Isabel Allende, uma das minhas preferidas, verdade seja dita uma das únicas referências de escrita espanhola que tenho, o outro autor que li em espanhol foi Gabriel Garcia Márquez, que apesar de gostar não faz tanto o meu género.


La historia del casi asesinato de mi bisabuelo

O meu bisavô ainda novo

Mi abuela narra muchas historias. Un día me contó una de las más impresionantes. La historia del casi asesinato de mi bisabuelo.
Mi abuela me dijo que cuando era niña estaba caminando hacia su casa después de la escuela y algunos niños fueron  gritando "tu padre está muerto!" Con rabia les golpeó, no quizó creer, pero todavía corrió hasta a casa. Cuando llegó estaba su padre, mi bisabuelo, degollado en una silla, rodeado de su mujer y guardias.
Es que su padre era jefe de policía de la Guarda Republicana en una prisión. Uno de los presos que no fuera bien cacheado durante el interrogatorio antes de ir a su celda, tenía una cuchilla y atacó a mi bisabuelo.
Pero el no murió, es que era muy gordo y por eso el corte no fue suficientemente profundo y solo cortó un trozo de carne que se quedó colgado.
Ésa es la imagen que mi abuela tiene de ese día casi fatídico.


E já que estamos no tema fica um conselho "La Casa de los Espíritus" de Isabel Allende e para os mais novos a trilogia "La Ciudad de las Bestias", "El bosque de los Pigmeos" e "El Reino del Dragón de Oro", livros que fizeram parte da minha infância com dedicatórias de uma mãe orgulhosa.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Segundo Capítulo - Parte 2


Ao jeito de "Confessions of a shopaholic", aqui vai a minha "wishlist" da colecção de Outubro da Zara (ainda à espera que saia a de Novembro).





Estou obcecada com um conjunto preto e apenas uma peça com cor, como um casaco. Dá um contraste interessante e um ar mais sóbrio e formal mesmo quando a roupa é "descontraída".

Segundo Capítulo


fotografia retirada do
The New York Times,
on-line

Ontem à noite fui com o meu namorado e um casal amigo ao Pavilhão Chinês, um espaço acolhedor e repleto de história, com cartazes que retratam principalmente a instauração da Primeira República. Este ambiente remeteu-me ao livro que estou a ler agora - "Rio das Flores" de Miguel Sousa Tavares - que trata precisamente esta época da história portuguesa.

Com toda esta envolvente pus uma questão na mesa: as tertúlias de antigamente, espaços de "reunião familiar; assembleia literária, reunião habitual de artistas, literatos, etc.; agrupamento de amigos" (in Dicionário da Língua Portuguesa), onde um conjunto de pessoas instruídas com pensamentos diversos e discussões culturais debatiam temas de importância social, politica, económica e artística; tornaram-se hoje um ajuntamento de pessoas fúteis e mesquinhas, numa chamada "tertúlia cor-de-rosa", onde, sabe-se lá porquê, decidem que estão no direito de falar da vida dos outros "so called" famosos, a partir de revistas com o mesmo tipo de carácter especulativo. Criam-se discussões fervorosas à volta de temas como o vestido que o individuo x levou à festa tal, e a relação entre indivíduo y e z.

Não quero censurar, acredito que haja muitas pessoas que vêm neste tipo de programas um refugio e um entretenimento, mas associar tertúlia, uma palavra tão importante na nossa história e no seu desenvolvimento, a este tipo de programas é para mim vergonhoso.

Já nos basta o novo acordo ortográfico que retira a nossa identidade nacional e tão própria, desde quando é que o português de Portugal, o mais antigo, com tanta história deve ser modificado de forma a facilitarmos o entendimento entre outros países de língua portuguesa. Devemos desta forma acabar com todas as línguas e criar uma universal para que consigamos comunicar melhor uns com os outros? Na minha opinião não. Cada país, cada cultura com a sua identidade e só faz de nós pessoas mais instruídas e mais interessante procurarmos aprender outras línguas e como comunicar com outros povos. Nisso orgulho-me muito de ser portuguesa, pois se há coisa em que os portugueses têm facilidade é em comunicar, mesmo que seja à base do desembaraço.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Primeiro Capítulo - parte 2

Hoje pus-me a fazer limpezas, o que já não era sem tempo, é uma vergonha o estado a que deixo chegar o meu quarto! Enfim, porcarias à parte escolho estas alturas para organizar uma data de coisas que vão ficando pendentes ao longo da semana e depois de acumular 5 livros na escrivaninha consegui agarrar-me a um - Rio das Flores, de Miguel Sousa Tavares - ainda só vou nas primeiras páginas, mas são nessas que me começo a prender e fico a saber se continuo a viagem ou não.

Pois é, então como escolhemos um livro? Claro que nem todos nos agradam, nem todos nos prendem, por mais atraentes que sejam os resumos ou mesmo a capa, por melhor que seja a opinião de quem nos aconselhou.

Na escola aprendi que se deve abrir o livro ao sabor do destino e ler a primeira página que este escolhe. O meu avô tem um hábito muito peculiar, lê o fim do livro, se gostar da forma como acaba é que começa a ler. A minha avó prefere os livros velhos, com cheiro de bibliotecas e memórias, daqueles que já estão marcados pelo tempo e não precisam de ser amassados para não mudarem de página contra a vontade do leitor. A minha tia não se compromete com o narrador que conta a história na primeira pessoa sobre uma outra personagem, sem que esta apareça ou se quer dialogue.

Eu só me prendo quando deixo de ouvir os sons que me rodeiam, quando estou tão ansiosa para saber o que vem a seguir que quase faço como o meu avô e passo a frente para ler o que vem a seguir, quando não me consigo deitar ou levantar sem antes ler algumas páginas. E aqueles que me marcam, que ficam na minha "lista dos melhores livros" são aqueles que ficam na minha memória, que me acompanham para o resto da vida, e se impõem na forma de recordações e excertos.

Primeiro Capítulo


Talvez deva começar com uma apresentação. Olá, o  meu nome é Beatriz Costa, tenho 20 anos, sou, como o estatuto indica, trabalhadora/estudante. Estudo Gestão de Empresas Turísticas e trabalho na Mango.
Paixões: livros, fotografia, cinema, viajar, moda, cozinhar.
Isto mais parece o discurso do primeiro dia de aulas, mas acho que são os pré-requisitos necessários.

A razão porque criei este blog? Gosto de pensar que é uma forma de me "obrigar" a explorar a minha criatividade. Uma forma de expressão muito utilizada nos dias de hoje e porque não utiliza-la também. Talvez consiga inspirar alguém e mais do que isso inspirar-me a mim mesma.